Estudos

Estudos

A cana-de-açúcar como fonte de energia elétrica


NovaCana - Publicado: 16 Out 2013 - 06:12 | Atualizado: 27 Ago 2014 - 16:54

A cana-de-açúcar é uma biomassa que pode ser transformada quase que totalmente em energia aproveitável através de processos industriais, que na sua maioria, já são dominados e conhecidos e apresentam alto índice de aproveitamento dos subprodutos e, relativo baixo impacto ambiental.

O diagrama a seguir indica os potenciais de aproveitamento energético desta biomassa:

diagrana-aproveitamento-energetico

Notas:
a) 1 kcal = 4,1868 kJ;
b) Considerada a totalidade da palha, incluindo pontas e folhas;
c) A umidade de 50% do bagaço é o valor médio obtido na saída do 6 terno de moendas.
d) A umidade de 15% da palha é o valor obtido para a palha seca no campo ao sol.
e) Fonte: International Sugar Jornal / DEDINI



Os valores equivalentes de energia indicam que podemos considerar que o potencial energético da cana-de-açúcar está dividido igualmente: no caldo, no bagaço e na palha, cada parte com 1/3 da energia total.

Podemos fazer uma comparação do conteúdo energético de uma tonelada de cana-de-açúcar, 1.718.000 kcal, com o potencial energético de um barril de petróleo que é de 1.386.000 kcal, ou seja, uma tonelada de cana equivale energeticamente a 1,24 barris de petróleo bruto. Considerando que a produção da safra de 2004/05 foi de 386,2 milhões de toneladas, temos que, em equivalentes energéticos, esta safra correspondeu a 478,7 milhões de barris de Petróleo ou 1,3 milhões de barris / dia, valor muito próximo ao consumo nacional de petróleo, que foi de 1,5 milhões de barris /dia.

O açúcar é uma fonte de energia direta para o corpo humano. A tecnologia de extração e obtenção do açúcar da cana é conhecida e consagrada nas usinas, podendo ser ainda otimizada em alguns aspectos, porém os ganhos energéticos esperados não serão significativos se considerarmos as usinas que utilizam as tecnologias recentes.

A grande utilização atual do bagaço é o seu aproveitamento como combustível das caldeiras, gerando vapor para aquecimento e para geração de energia elétrica para consumo na usina e para venda às concessionárias de energia elétrica. O grau de eficiência do sistema de cogeração ou geração, depende da tecnologia empregada em cada usina.

A palha da cana, na atualidade, não é aproveitada para fins industriais ou energéticos, sendo que o seu destino é a queima no próprio campo. Estudos já realizados indicam que aproximadamente 50% da palha gerada poderá ser retirada do campo, com ganhos para a área agrícola e meio ambiente. O aproveitamento da palha, como fonte de energia, resultará em significativos ganhos energéticos para o setor.

Utilizando a tecnologia Brasileira existente nos principais fornecedores do setor, e conforme dados fornecidos pela DEDINI, é possível gerar um total de 153 MW com o aproveitamento de 100% da palha em uma usina de médio porte, moendo 10.000 toneladas / dia de cana ou 2 milhões de toneladas por safra.
O diagrama a seguir indica o limite atual de aproveitamento da energia utilizando-se a totalidade do bagaço, da palha e do biogás gerado pela vinhaça, como combustível das caldeiras.

diagrama-limite-atual

Notas:
a) Fonte DEDINI (International Sugar Journal)
b) Considerou-se consumo de vapor no processo de 380 kg / tc;
c) Geração com Caldeira Multicombustível queimando bagaço / palha / biogás da vinhaça, gerando vapor superaquecido a 85 / eficiência de 87% / turbina de alta eficiência com extração controlada e condensação.

O gerenciamento das plantações com a produção de grãos ou oleaginosas, intercalada com o cultivo da cana, pode abranger até 20% da área plantada, permitindo o máximo aproveitamento do solo e criando uma fonte alternativa de recursos energéticos, como a produção de biodiesel ou de gramíneas para queima.

Existe tecnologia disponível na DEDINI para a transformação da vinhaça que retorna para o setor agrícola em biogás, porém este processo ainda não está sendo utilizado comercialmente pelas usinas. O gás gerado pode ser queimado nas caldeiras ou ser utilizado como fonte de gás para células de combustível.

A partir de 1999, com a privatização do setor de energia elétrica, criou-se a figura do Produtor Independente de Energia, abrindo um novo mercado para as usinas. Esta nova condição foi o incentivo para que as usinas modificassem o seu sistema de geração de vapor e energia, passando de uma configuração de baixa eficiência, que tinha por finalidade consumir o bagaço gerado, para uma nova concepção onde se procura utilizar o bagaço excedente para a geração de energia elétrica.

Aproximadamente, 60% das usinas brasileiras estão instaladas no Estado de São Paulo, na área de atuação da CPFL Energia S/A (Companhia Paulista de Força e Luz), sendo esta companhia a maior compradora da energia gerada nas usinas. O gráfico abaixo indica a evolução do total de energia comprado pela CPFL das usinas instaladas nesta área, o qual mostra o grande salto ocorrido a partir do ano 2000.

grafico-evolucao energia cpfl

A utilização da palha da cana como uma outra fonte de energia excedente poderá resultar em um ganho adicional. A utilização de até 50% da palha como fonte de energia é benéfica e necessária para o setor agrícola.

Outros destaques

Acompanhe as notícias do setor
Assine nosso boletim

Outros Destaques

Usinas
Usinas da Raízen em Mato Grosso do Sul podem estar à venda
Usinas da Raízen em Mato Grosso do Sul podem estar à venda
Tecnologia
Bosch desenvolve primeiro motor flex a diesel e etanol
Bosch desenvolve primeiro motor flex a diesel e etanol
Usinas
[Atualizado] Incêndio atinge caldeira de usina da São Martinho em Iracemápolis (SP)
[Atualizado] Incêndio atinge caldeira de usina da São Martinho em Iracemápolis (SP)
Usinas
Patrimônio da Raízen precisaria ser três vezes maior para bater dívida atual
Patrimônio da Raízen precisaria ser três vezes maior para bater dívida atual